Fórmula 1, quando a paixão pelo esporte se excede

Alguns fãs do piloto argentino Franco Colapinto passam do limite e fazem ataques nas redes sociais de Jack Doohan e Yuki Tsunoda

Por Renata Resende

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Desde que Franco Colapinto apareceu no mundo da Fórmula 1, a surpresa se instalou não só no paddock como também na mídia e nas redes sociais de todos que acompanham a categoria. Já passava da hora da Williams retirar Logan Sargeant da equipe, mas muitos não esperavam o efeito que o piloto substituto, Franco Colapinto, estava para causar na F1.

O argentino até então corria pela Fórmula 2, categoria de base da Fórmula 1, mas não chamava a atenção. Até então, os nomes mais escutados na F2 eram Gabriel Bortoleto, Isack Hadjar ou Oliver Bearman, todos esses hoje rookies correndo pela Sauber, Racing Bulls e Haas respectivamente. Mas Colapinto não era nome de destaque. 

Quando anunciado que o argentino Colapinto iria correr pela Williams no restante da temporada de 2024, as reações podiam ser mistas. Enquanto uns se perguntavam quem era esse piloto, outros se deixavam levar pelo espírito de 5ª série. Já se pode imaginar quem são esses que faziam piadinhas por causa do sobrenome, certo? O brasileiros foram a loucura nas redes sociais.

Mas Franco Colapinto chegou surpreendendo a todos, ou a maioria dos fãs da F1 e a mídia. O novato argentino chegou perto de fazer seus primeiros pontinhos na categoria, terminando em 12º lugar logo na sua estreia em Monza. No GP do Azerbaijão, ele não só pontua, como também mostra que não era a equipe Williams estava ruim, mas sim mal pilotada, já que Logan Sargeant não conseguia pontuar.

E não foi só na pista que ele se destacou. Nas entrevistas e na mídia, Colapinto fez a alegria de todos, com seu carisma e falta de treino midiático. Mas além de tudo isso, ele também trouxe a tona uma paixão talvez adormecida por 23 anos para a Fórmula 1. A paixão que os argentinos tem pelo esporte veloz.

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Começaram a aparecer argentinos nos Grandes Prêmios que se seguiram, levantando a sua bandeira como se estivessem na Copa do Mundo e todo GP fosse um clássico grandioso. O orgulho nacional foi instaurado e não seria tão fácil "apagado". Mas o problema era que Franco não tinha assento para 2025, e chegou um momento que só restava uma vaga disponível, mas que também tinha outro piloto sendo cotado para o lugar. E o piloto que disputava com o argentino Colapinto, era logo do Brasil.

Gabriel Bortoleto estava tendo uma campanha excelente na Fórmula 2 e estava disputando o título do campeonato. Os rumores ficavam cada vez mais fortes que Bortoleto iria correr em 2025 pela Sauber, e os brasileiros não se agradaram muito com o fato de que o assento de Bortoleto poderia ser tomado, muito menos por um argentino, não importa o qual carismático Colapinto fosse.

Uma guerra se instaura nas redes sociais da Sauber. Brasileiros e argentinos comentando, fazendo campanha para seus pilotos. Mas a convocação saiu e Gabriel Bortoleto iria correr em 2025. Na F1, Messi e Aguero não tinham vencido, mesmo se oferecendo para patrocinar Colapinto.

Um tempo depois dessa decepção, veio a notícia que Franco Colapinto iria ser piloto reserva da Alpine. E talvez foi aí que começou a pressão sobre Jack Doohan. O australiano Doohan começou a temporada com um peso nas costas, já que ele foi avisado que teria apenas as corridas iniciais para provar seu valor na pista. Caso contrário, iria ser retirado da vaga de piloto titular. 

Infelizmente, o rookie não conseguiu boas lembranças na F1. Além de não conseguir pontuar, Doohan ainda começou a ser atacado nas redes sociais, fazendo com que aumentasse a pressão para que ele cedesse a vaga para Colapinto. Ao que parece, muitos argentinos se excederam na sua paixão e foram abusivos e ameaçadores nas redes sociais do australiano. Mas Jack Doohan não foi o único a provar desse veneno causado pelo fanatismo excessivo.

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Yuki Tsunoda (RBR) também foi atacado nas redes sociais por esses fãs de Colapinto. Tsunoda estava fazendo sua volta rápida no 1º Treino Livre e acabou encontrando com Colapinto na pista. Não é novidade que Tsunoda seja mais estressado no asfalto, embora tenha melhorado muito com o tempo, e reclamou frustrado sobre ter sido atrapalhado. Isso foi motivo o suficiente para alguns torcedores de Franco partirem com comentários abusivos e racistas nas redes sociais de Tsunoda.

Franco Colapinto porém não ficou calado e juntamente com a FIA, pediu que seus fãs respeitassem os pilotos Doohan e Tsunoda, e que não fizessem parte da onda de ódio que invade as redes sociais. A Alpine também se pronunciou, relembrando a todos que por trás da viseira, os pilotos também são pessoas, que tem sentimentos e família, e não indivíduos sem nada para se preocupar.

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O próximo Grande Prêmio da Fórmula 1 acontecerá em Mônaco, terra de Charles Leclerc e será entre os dias 23 a 25 de maio.